sábado, 23 de julho de 2011

CHARLES CHAPLIN- esse é meu texto preferido

“Já perdoei erros quase imperdoáveis, tentei substituir pessoas insubstituíveis e esquecer pessoas inesquecíveis”.
Já fiz coisas por impulso,
Já me decepcionei com pessoas quando nunca pensei me decepcionar, mas também decepcionei alguém.

Já abracei pra proteger,
Já dei risada quando não podia,
Já fiz amigos eternos,
Já amei e fui amado, mas também já fui rejeitado,
Já fui amado e não soube amar.

Já gritei e pulei de tanta felicidade,
Já vivi de amor e fiz juras eternas, mas "quebrei a cara" muitas vezes!
Já chorei ouvindo música e vendo fotos,
Já liguei só pra escutar uma voz,
Já me apaixonei por um sorriso,

Já pensei que fosse morrer de tanta saudade e... ...tive medo de perder alguém especial
(e acabei perdendo)! Mas sobrevivi!

E ainda vivo!
Não passo pela vida...
e você também não deveria passar. Viva!!!

Bom mesmo é ir a luta com determinação,
Abraçar a vida e viver com paixão,
Perder com classe e vencer com ousadia,
Porque o mundo pertence a quem se atreve
E
A VIDA É MUITO
para ser insignificante"

PRECISO DE ALGUÉM

Que me olhe nos olhos quando falo.
Que ouça as minhas tristezas e neuroses com paciência.
Preciso de alguém, que venha brigar ao meu lado sem precisar ser convocado; alguém Amigo o suficiente para dizer-me as verdades que não quero ouvir, mesmo sabendo que posso odia-lo por isso.
Neste mundo de céticos, preciso de alguém que creia, nesta coisa misteriosa, desacreditada, quase impossivel de encontrar: A Amizade.
Que teime em ser leal, simples e justo, que não vá embora se algum dia eu perder o meu ouro e não for mais a sensação da festa.
Preciso de um Amigo que receba com gratidão o meu auxílio, a minha mão estendida.
Mesmo que isto seja pouco para as suas necessidades.
Preciso de um Amigo que também seja companheiro, nas farras e pescarias, nas guerras e alegrias, e que no meio da tempestade, grite em coro comigo:
"Nós ainda vamos rir muito disso tudo"
Não pude escolher aqueles que me trouxeram ao mundo, mas posso escolher o meu Amigo.
E nessa busca empenho a minha própria alma, pois com uma Amizade Verdadeira, a vida se torna mais simples, mais rica e mais bela...
Charlie Chaplin

CHARLES CHAPLIN

A vida me ensinou...
A dizer adeus às pessoas que amo, sem tirá-las do meu coração;
Sorrir às pessoas que não gostam de mim,
Para mostrá-las que sou diferente do que elas pensam;
Fazer de conta que tudo está bem quando isso não é verdade, para que eu possa acreditar que tudo vai mudar;
Calar-me para ouvir; aprender com meus erros.
Afinal eu posso ser sempre melhor.
A lutar contra as injustiças; sorrir quando o que mais desejo é gritar todas as minhas dores para o mundo.
A ser forte quando os que amo estão com problemas;
Ser carinhoso com todos que precisam do meu carinho;
Ouvir a todos que só precisam desabafar;
Amar aos que me machucam ou querem fazer de mim depósito de suas frustrações e desafetos;
Perdoar incondicionalmente, pois já precisei desse perdão;
Amar incondicionalmente, pois também preciso desse amor;
A alegrar a quem precisa;
A pedir perdão;
A sonhar acordado;
A acordar para a realidade (sempre que fosse necessário);
A aproveitar cada instante de felicidade;
A chorar de saudade sem vergonha de demonstrar;
Me ensinou a ter olhos para "ver e ouvir estrelas",
embora nem sempre consiga entendê-las;
A ver o encanto do pôr-do-sol;
A sentir a dor do adeus e do que se acaba, sempre lutando para preservar tudo o que é importante para a felicidade do meu ser;
A abrir minhas janelas para o amor;
A não temer o futuro;
Me ensinou e está me ensinando a aproveitar o presente,
como um presente que da vida recebi, e usá-lo como um diamante que eu mesmo tenha que lapidar, lhe dando forma da maneira que eu escolher.
Charles Chaplin

quinta-feira, 7 de julho de 2011

REFLEXOS DE MEU ESPELHO:MINHAS POESIAS

ÚLTIMA PÁGINA



Mesmo que adoeça o coração
Com ondas de ilusão,
Melhor é buscar a vida
E viver com emoção
Lutar por um lugar ao sol
Sem ninguém se ferir
Batalhar sem guerreiros
Buscar a si.
Trabalhar sem calejar...
O corpo que já cansado está
Sorrir o que ainda existir
Deixar-se apaixonar...
Sem medo de errar
E quando a dor chegar...
Quando um sentimento romper...
Uma lágrima rolar...
Mas, quando o fim se aproximar
Á Deus, eu ficarei agradecida
Porque contente terei terminado
A última página da minha vida.

22/04/2011

SOLIDÃO



SOLIDAO
  O
SOL
      LIDA
SO

MULHER-SEM-CABEÇA



Minha cabeça parece ventilador
Girando sem parar
Jogando coisas para todo lado
Ficando cheia apenas de vento.

Um vazio, vazio.
Um eco, oco.
Cadê?
Meus neurônios onde estão?
Minhas ideias quem as roubou?
Meu coração quem feriu?
Meu sonho para onde voou?
Minha realização quem a viu?
Minha vida quem a matou?

19/04/2011









LÉSBICA


Tornei-me lésbica
Da noite para o dia
Será efeito das leituras,
Que despertaram tardia.

Não! Não sei o que foi
Talvez tenha sido a paixão
Que aprisionada aqui dentro
Explodindo em forma de canção
De ímpetos e desejos
Delírios e confusão.
Apaixonei-me por uma alma
Feminina, alguns correm dela
Mas, eu, sinto que é minha sina
Apaixonar-me pela morte.
Esta, que tanto me fascina.

19/09/2010




INSÔNIA



O sono chega
Junto com ele o cansaço
Do nada fazer
Do nada acontecer.

Viro para um lado
Viro para o outro
Penso no que deixei de fazer
E no que preciso ser.
E...para ser
É preciso se libertar.
Das correntes do medo
E tentar lutar.

Sair dessa inércia
Enfrentar o que impede
Os pés e as mãos
De fazer o que se deseja.
09/09/2010



BÊBADO



Manhã nublada e fria
Fazia-me pensar
E o vento sorria
Do meu breve penar.

Refletia sobre a vida
Sobre o mundo, tudo enfim
Sobre as idas e vindas
Que outrora era assim:

Repleta de alegria
Harmonia sem fim
Porém, hoje é tristeza
E a vida rir de mim.

Amizade não tenho mais
Prestígio muito menos
Não existe oportunidades
Para um pobre bêbado.

Nas ruas vivo a procurar
Um ombro amigo, mas quem acha?
Só me resta de consolo
O maldito copo de cachaça.
2003

SAUDADE



Saudade sinto agora
De quem não posso ter
Porque foi embora para sempre
Onde estará a viver?

No raiar do dia quem sabe
No entardecer talvez
No anoitecer sombrio
Ou na estrela distante que vês?

Por toda parte procuro
Já não sei o que fazer
Nos lugares alegres e obscuros
Mas, não consigo esquecer.

Saudade sinto agora
E sempre irei sentir
Pois saudade não morre
No peito que não mais sorri.
1998

DA JANELA


Da janela vejo cair
Chuva fina de verão
Suas gotas lavam
Minha própria alma
Que anda triste de saudade;
Saudade do que não tive
Saudade do nada
Que ficou perdido no tempo
No espaço.
Saudade do que almejei
E jamais alcancei.

2001

ONDE ESTÁS?


Onde estás?
Porque te procuro desesperada
Grito, mas não sai nada
 De minha boca que já anda amarga
Pois teus beijos já não têm mais.

Onde estás?
Porque te procuro como louca
Entre campos e cidades
Enraivecida pela maldade
Do destino frio e cruel
Que arrancou você de mim
Deixando-me triste de saudade.

Viver já não quero mais
Deixar tudo e todos sou capaz
Assim, te buscando na eternidade
Sei que encontrarei a paz.
1998

CONDENADO


Um gole aqui, outro ali
Bebo pra tentar esquecer
Que sou como um cão sarnento
Desgraçado pelo destino
Vivendo de tormentos.

Nasci num berço de mato
Cresci na rua fria e escura
Hoje eu roubo, eu mato
Não tenho medo da vida
Esta, nua e crua.

Um gole aqui, outro ali
Bebo pra tentar esquecer
Todo sofrimento que causo
Aos que não fazem por merecer.

Hoje sou um condenado
Nessa vida de absurdos
Com tantos de mim zombando
Eu. Fingindo ser surdo.

Gostaria que a morte
Levasse-me de uma vez
Já que minha sorte não vence
As maldades que o destino me fez.

sábado, 2 de julho de 2011

VIVA O POVO BRASILEIRO: DIVERSIDADE CULTURAL NA CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE NACIONAL

VIVA O POVO BRASILEIRO: DIVERSIDADE CULTURAL NA CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE NACIONAL

ELOISIA CRISTINA SERAFIM

RESUMO
O romance Viva o povo brasileiro (1984), de João Ubaldo Ribeiro, conta três séculos de história da formação do povo brasileiro numa narrativa crítica e irônica de seu criador. Descreve fatos desde as primeiras colônias até a década de 1977. Mostrando através de personagens, avanços e recuos no tempo, bem como problemáticas sociais e questões relativas à aspectos principalmente que este trabalho aborda: a diversidade cultural e a construção da identidade nacional brasileira. A base teórica para análise do corpus foi fundamentada na visão antropológica de José Luís dos Santos  e Alan Beals, abordagens de análise a partir de estudos de Massaud Moisés , além de aspectos relacionados a cultura  e identidade nacional de Renato Ortiz, Zilá Bernd, Hall Stuart e outros autores que foram muito importantes para contribuição da pesquisa  de Viva o povo brasileiro.

JOÃO UBALDO OSÓRIO PIMENTEL

  Nascido em Itaparica, Bahia;
  Em 23 de janeiro de 1941;
  É membro da Academia Brasileira de Letras desde 1993;
  Pós- graduado em Administração Pública pela UFBA e Mestre em administração pública e ciência política pela Universidade da Califórnia do Sul;
  jornalista, professor, romancista, contista e cronista.


CARACTERÍSTICAS DO AUTOR

A adequação exata dos diferentes níveis de linguagem à posição social dos falantes, a seleção lexical primorosa, a reconstrução de um sem-número de estilos, registros, dialetos, que vão do chulo ao requintado, do espontâneo ao formal, de um jargão de pescadores aos jargões jurídico, militar ou clerical, de um português brasileiro ou lusitano à forma híbrida “ à moda holandesa”, são todos os recursos que, ao mesmo tempo que dão verossimilhança à ficção histórica, paradoxalmente, criam as condições para a eficiente corrosão desse discurso levada a cabo pela paródia ( Cecantini, Cadernos de Literatura Brasileira, p.120)

CARACTERÍSTICAS NA OBRA
  Avanços e recuos no tempo;
  Grande quantidade de personagens;
  Variedade de linguagens;
  Sincretismo religioso;
  Misticismo;
  Cultura afro-brasileira

NOS MEANDROS DA IDENTIDADE CULTURAL



  Cultura é, em Antropologia e Sociologia, um mapa, um receituário, um código através do qual as pessoas de um dado grupo pensam, classificam, estudam e modificam o mundo e a si mesmas.( DAMATTA, p.123, 1986)
  Para Stuart Hall, há três concepções de identidade, que se distinguem , que são as identidades do: sujeito do Iluminismo; sujeito sociológico; sujeito pós-moderno. (Stuart,p.11, 2006)
  “[...] as culturas movem-se não apenas pelo que existe, mas também pelas possibilidades e projetos do que pode vir a existir”, (DAMATTA,p.20, 1986) .

BUSCA PELA IDENTIDADE
  para a pesquisadora Zilá Bernd essa questão da busca pela identidade,
 […] deve ser vista como processo, em permanente movimento de deslocamento, como travessia, como uma formação descontínua que se constrói através de sucessivos processos de reterritorialização e desterritorialização, entendendo-se a noção de “território” (DELEUZE e GUATTARI, 1977) como o conjunto de representações que um indivíduo ou um grupo tem em si próprio. (BERND, p.10)

PÓS-MODERNISMO
Na literatura do pós -modernismo, quando nos referimos a cultura coletiva e suas problemáticas, ainda temos como grupos discriminados: negros, homossexuais, mulheres, e as vezes até pessoas idosas e com situação desfavorável financeiramente. Em outras palavras “o povo”.
 A própria complexidade do processo batizado de globalização é um exemplo. A história da humanidade é marcada por interferências culturais, desde os tempos dos impérios chinês, romano ou persa. (DANIEL PIZA, Revista Continente, Ano VI, nº 70)

CONCLUSÃO
  Uma vez aplicado o instrumento de análise de dados e obtenção  de informações através de pesquisa bibliografia, tendo como corpus Viva o povo brasileiro,de João Ubaldo Ribeiro, chegamos a conclusão de que os resultados foram significativos para realização deste trabalho. Tendo em vista que o mesmo, não é o suficiente  diante de temas tão amplos que são: a identidade nacional e  a diversidade cultural, principalmente quando tratamos de um país como o Brasil, constituído de imensa riqueza cultural, ou melhor, multicultural, tão representativo no discurso do romance Viva o povo brasileiro.

REFERÊNCIAS
  BEAL, Alan. Antropologia Cultura . Universidade de Stanford em colaboración com George y Louise Spindler- Centro Regional de Ayuda Técnica – Agencia para El desarrollo internacional ( A.I.D.) – México: Copyright, 1971.
  BERND, Zilá. Literatura e identidade Nacional. Porto Alegre: Ed da Universidade /UF RGS, 1992.
  CECCANTINI, João. João Ubaldo Ribeiro. Cadernos de Literarura Brasileira. Rio de Janeiro,1999.
  HALL, Stuart. A identidade cultural na pós-modernidade. Tradução: Tomaz Tadeu da Silva e Guacira Lopes Louro – 11.Ed. – Rio de Jeneiro: Ed. DP & A, 2006.
  MOISÉS, Massaud. A Análise Literária. São Paulo: Cultrix, 2007.
  ORTIZ, Renato. Cultura Brasileira e Identidade Nacional. São Paulo: Companhia das Letras, 1995.
  RIBEIRO, João Ubaldo. Viva o povo brasileiro. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1984.




sexta-feira, 1 de julho de 2011

GAIVOTA



Gaivota,
Pássaro singelo,
Que sobrevoa
O calmo mar.
E meu olhar
Perdido
Assim como
Aquela gaivota.
Passo a sonhar.

O CÉU DAQUI E O CÉU DE LÁ

O céu daqui
Jamais será como lá
Aqui só se ver nuvens
Lá só se via estrelas
E nas noites de lua
As pessoas ficavam nas ruas
Apreciando a linda noite
E sua chuva de estrelas cadentes.

Aqui ficamos em nossas casas
Como se fosse em presídios
Cercado de grades
E o céu só pode ser visto
Entre as brechas das janelas.

Lá ou cá eu era prisioneira
Mas, lá, podia apreciar
A liberdade da natureza
Aqui, nem isso posso
Porque há pessoas que acham
Que podem ser melhores que Deus.

12/2010

conto: O CAÇADOR DE SORTE

_ Meu Deus acordei muito tarde !!!!!-gritava o ancião- já são 8:00hs, o sol já está alto, preciso colocar água nas minhas plantas.
Que desespero para um homem daquela idade estava se preocupando também em aguar plantas. Mas, bem que ele tinha lá os seus motivos, pois ninguém se preocupava assim sem nenhuma razão.
_ Preciso aguá-las logo! preciso aguá-las logo! Várias vezes repetia – parecia está desvairando-se.
Logo ia para seu extenso jardim, onde havia várias plantas, comigo-ninguém-pode, arruda, trevo, bem como lindas flores: cravos, orquídeas, rosas de variadas cores, jasmim e outras, cada qual exalando seu perfume especial.
Com dinheiro de sua aposentadoria comprava muitas coisas, de culturas diversas, ele dizia que era para atrair a sorte.
_ Pronto minhas plantinhas, eu já as aguei, vocês estão alegres e lindíssimas. A tardinha eu volto para alimentá-las com os adubos que comprei ontem e matarei a sede todas, pois o dia hoje está muito quente.
Ainda no jardim visitava os gnomos gesso espalhados por todo o jardim, os pequenos elfos encomendados numa loja especializada e observava o caminho que dava para a entrada da casa, para ver se todas as pedras estavam em seus lugares eram sechos, pedras coloridas de ametista, jaspe, turmalina preta, quartzo de várias cores e cristalizados. Era tudo muito bonito e bem cuidado.
Ao entrar na sala havia um enorme tapete indiano algumas algumas almofadas e uma enorme de madeira com vários livros de auto-ajuda, livros espíritas, o Torá, a Bíblia, muitos livros, todos já lidos do outro lado bisquis e objetos tailandês, africano, chinês, indiano e esculturas brasileiras.
_ Já estava esquecendo de acender minhas velas aromáticas e meus incensos.
Depois que acendia, sentava sobre o tapete em posição para meditar e começava a elevar seus pensamentos aos céus, a natureza, ao universo à Deus:
_ Eu vos invoco, peço proteção e sorte em todos meus dias, todas minhas horas e minutos. Ficava ali por mais de meia hora fazendo suas orações.
Não se deu conta que o tempo passara tão rápido e chegou a hora do almoço e não havia feito nada. Até porque para ele horas de refeição também são horas sagradas.
Saiu as carreiras e já estava em sua pequena cozinha, simples, apenas com uma mesa de madeira antiga, um pequeno armário e seu fogão a lenha.
Enquanto a lenha começava a pegar, corria para o quintal , colhia alguns legumes e verduras, corria até o poleiro e pegava uns ovos que algumas de suas pequenas galinhas puseram e pronto. Em pouco tempo conseguia aprontar sua refeição, sadia. Sim! Sadia, porque papa ele essas comidas prontas e verduras e frutas e tudo mais não prestam são todas mexidas pelo homem, mexendo na lei da natureza usando químicas e experimentos para os alimentos ficarem mais bonitos e atrativos. No seu quintal não!? era tudo bem natural cuidado pelas próprias mãos sem precisar de adubos e agrotóxicos.
_ Que homem de sorte sou eu, tenho tudo que preciso, dentro dentro de minha própria casa. Eu sou o homem mais sortudo do mundo. Depois do almoço deu um cochilo, levantou-se logo para aguar suas plantas.
Nisso já estava escurecendo, quando também estava chegando o cansaço , então acendeu seus incensos, suas velas aromáticas, tomou um banho de água cristalina da própria fonte que tinha no fundo do quintal. Era muito importante fazer todo esse ritual todas as noites, porque assim purificava seu corpo, e deixava sua casa aromatizada e livre de qualquer azar.
Entretanto, antes de dormir sentiu uma tristeza profunda, um vazio em seu coração e uma lágrima também solitária escorreu em seu rosto marcado pelo tempo. Adormeceu.
Ao amanhecer, já não havia jardim, nem livros, nem tapetes, nem sorte, nem o corpo do caçador de sorte. Tudo virara pó.
Ao dormir esquecera as velas acessas próximas a prateleira de livros e ao ventar forte caiu em uns livros, o bastante para o fogo se alastrar tão rápido, em tão pouco tempo, sem que o homem se desse conta.
Nem homem, nem sorte, absolutamente nada restara naquele lugar além de seus ossos. Por onde andava a sorte!?
A verdade é que há muitos anos ele se trancara para a vida e para as pessoas, não tinha filhos, não tinha ninguém. Fugiu a vida inteira das pessoas, procurou ter um pouquinho do mundo em sua casa que parecia mais um templo sincrético, onde se escondia por trás da sorte ou atrás da sorte. Achava que assim encontraria a verdadeira alegria, que jamais conseguiu ter, pois só teve como companheira a solidão e com ela se esvaiu para todo o sempre.
11.2010

Eloisia Serafim